sábado, 10 de julho de 2010

O Poema do Silêncio



Quer partir?
Pois bem....pode ir.
Já não te prendo.
Não farei um gesto para te deter
Nem mesmo direi mais nada.
Não verás lágrimas em meus olhos
com esta súbita partida,
Nem minha boca trêmula,
minhas mãos geladas.

Não te direi que a solidão é terrível
depois que se conhece o amor,
que a vida se torna insuportável,
que nada mais importa quando somos abandonados...

Não farei um gesto para te deter.
Pode partir!
Ficarei silenciosa enquanto você se afasta.
Não te direi que preciso de ti desesperadamente,
que, embora aparentemente viva,
estarei morta se me deixar...

Pode partir!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Figuração



O ar morno traz sonolência,
enfraquecimento...
Há calma, tranquilidade...
Solidão...
Dentro do sossêgo da noite
o silêncio torna-se gritante!
Desejos recalcados,
ocultos no fundo do ser.
Imponderabilidade...
Irrealismo...

Mas...não estou só!
Teu vulto delinea-se, nítido, na penumbra.
Teus olhos são chamas que iluminam.
Sinto que me procuras com ansiedade,
com braços abertos para mim!

Caminho ao encontro do teu olhar
e me refugio em teus braços
que se transformam em tenazes
a volta do meu corpo.
Teus dedos tem toques nervosos em minha face,
e queimam a epiderme fria...

Sentes meu corpo trêmulo
mas sabes que ele estremece de paixão,
voluptuoso,
com desejos do teu corpo...
Teus lábios buscam os meus, insaciáveis,
como se quizessem absorver a vida em beijos...

Não tenho medo!
Sei que vou ser feliz junto de ti!
Quero amar!
Desvendar mistérios que me trarão a consciência da vida.

Teu braço enfraquece.
Teus dedos têm agora toques leves.
Tuas carícias tornam-se suaves...
Afagas meus cabelos com ternura.

Já não tens pressa...
Já não tens medo de que eu fuja
pois há em ti a certeza de que serei tua!

A "Eva" do Lee

Eva (Amora amor)

O que dizer da que já vem com amaciante
Mas de econômica não tem nada?
Pra quem todo chocolate não é bastante
Sendo mais rica e condensada?

É azedinha feito amoras se por acaso tu demoras
Mas que esperes paciente, o penteado leva horas...

Reclama de uns quilos a mais
Que nunca te amei, jamais!
Barba á fazer não se faz!
Mas que tpm, rapaz...

O aniversário do primeiro beijo
Da tarde em que te conheci
A praia onde viu carangueijo
O esmalte que não percebi
Um ano e um mês de namoro
Eu me esqueci, desaforo!

Pra não dizer que não falei das flores
Levei buquê, bombons de licores...
O limão-rosa tornou-se cravo
O sapo? Henrique oitavo...

É doce sua limonada
Sou sapo gamado de beijo
Que pode esperar temporada
Sua grama crescer no meu brejo

Não esqueço da pele gostosa
Teu lindo rosto de abril
O ventre gritante que goza
Em paz carinhosa de cio
Moça a brincar de casinha
O jeito de olhar que advinha
Pergunta se não estou com frio
Mulher que cuida de mim
Te amo e te quero sem fim.

Lee

sábado, 17 de abril de 2010

EVA

Quisera ser ainda aquela menina pura

que existia outrora.

E, quando abrisse os olhos,

deslumbrada para a vida,

estivesses ao longo do caminho.


Quisera ser aquela mulher perfeita

que conheceste em sonhos

E procuraste inutilmente

em cada mulher que julgaste amar.

e nunca veio para ti...


Se assim fosse,

iríamos enlaçados pela vida à fora...

Não haveria tédio na jornada.

Teríamos as paisagens mais belas

para deslumbramento dos nossos olhos

e a exaltação dos nossos sentidos.


Os gorjeios dos pássaros seriam a música

para os nossos ouvidos.

Para a nossa fome buscaríamos

os mais saborosos frutos pelos bosques...

Molharíamos os pés fatigados

nos riachos a beira do caminho.


Estenderíamos os corpos, preguiçosamente,

na relva macia...

...e a lua e as estrelas velariam o nosso sono.


Nosso sentimento pararia acima de tudo!

Grandioso...

Irreal...

Sem desejos ansiosos...


Tudo tranquilo em torno.

Tranquilos os dois...

na paisagem morta.

Seria grandioso o nosso amor!

E o mundo seria nosso...


Mas...já é tarde demais.