Não creias, meu amigo, nessa asneira
De que um amor, com outro amor se cura.
Já se tem consumido na procura
De tal remédio, uma existência inteira.
Não houve ainda quem a criatura
Achasse, cópia exata da primeira,
Porque quando a afeição é verdadeira
Jamais em outra afeição se transfigura.
Só os falsos amantes, corrompidos,
Os volúveis, os fúteis, os fingidos,
Ocultando no riso a própria dor,
Incorrem neste erro atroz, profundo,
Pois como há um só Deus que rege o mundo,
Só há também um verdadeiro amor!