terça-feira, 3 de novembro de 2009

Anseio

Quero ser amada pelo coração que possuo,
pelas qualidades que procuro conservar;
até mesmo pelos meus defeitos,
como são amadas tantas mulheres;
não apenas pelas aparências exteriores
que um dia hão de fenecer...

sábado, 31 de outubro de 2009

Já não me dói mais...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Necessidade

Quando sinto a necessidade de escrever,
como esta que me invade agora;
que é mais forte que o sono,
mais forte que a dor,
e se sobrepõe a todas as necessidades;
que é maior, talvez, que a própria morte;
é que me revolto contra a vida,
esta vida banal, de todo dia,
que me reprime a imaginação,
que me impede de sonhar
e extravasar em poemas tudo que me exalta...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Quarta-feira

Se eu te amasse
minhas mãos estreitariam as tuas,
cingiria meu corpo junto ao teu,
buscaria meus labios
numa volúpia que nunca sentiu
nas outras mulheres que foram tuas.

Se eu te amasse
meus olhos buscariam os teus olhos
e falariam sobre a ternura e o encantamento
que há no mundo.
E adormeceria, feliz, junto ao meu lado.

Se eu te amasse
despertaria calmo,
depois de um sono tranquilo,
entre os meus braços.

E jamais me deixaria
por outras mulheres
que te quisessem,

se eu te amasse.

Hoje meu coração está partido...
Como vidro: despedaçado...esmagado...corrompido.

O sangue derramado escorre entre seus próprios dedos, mas você não vê.

E há dor? Não. Já não me dói mais.

sábado, 3 de outubro de 2009

"Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come."

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Conselhos

Enxugue o pranto teimoso
e sinta como é gostoso
tudo que você não vê.
Abra as janelas ao dia,
deixe que a Dona Alegria
venha também pra você.

Veja como a vida é boa
e o que hoje tanto o magôa,
amanhã já se esqueceu.
Viva bem este momento
e daquele sentimento
só lembre o bem que ele deu.

Olhe a morena que passa
gingando com tanta graça,
que a todo mundo seduz.
Jogue fora essa tristeza
olhando pra esta beleza,
estas cores, esta luz.

Escute o canto brejeiro
daquele seu companheiro,
que se mostra tão feliz.
Esqueça toda a maldade
e se de alguém tem saudade,
ao invés de chorar, bendiz...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Bolinhas
















Soltei bolhas coloridas pelo ar,
barquinhos de papel a navegar.
Construi castelos nos meus sonhos,
criei um mundo de fantasia
na minha imaginação.
Tive tristeza e alegria,
lágrimas, ternura, emoção...

Cresci!
E pela vida afora
continuei soltando bolhas coloridas,
vendo-as no ar subir, uma a uma.
Vi, também, flutuarem na espuma
meus barquinhos de papel,
levando as esperanças mais queridas...

E assim tem sido a minha sina:
viver a sonhar, desde menina,
e ver os sonhos, eternamente construídos,
pela vida, e pelo tempo revividos....

terça-feira, 21 de abril de 2009

Conto 01

Hoje, pela primeira vez, conseguiram que eu deixasse o leito depois de tanto tempo em que nele tenho ficado, indiferente a tudo, desejando unicamente que a morte venha, para ter sossego completo e total esquecimento.
Dizem que devo viver. Dr. Mendes não cansa de insistir nisso afirmando-me que precisam de mim, que pelo menos alguém precisa de mim. Mas não tenho vontade de viver. Nem mesmo sei porque deixei que me trouxessem aqui, junto da janela. Meus olhos erram pela paisagem tranquila e vejo que as flores estão mais belas nesta estação e o céu muito azul. Há vida em tudo. Os doentes em convalescença, que passeiam pelo jardim, sob a discreta vigilância das enfermeiras, terão vontade de voltar a vida normal? Quantos, como eu, desejam esquecer porque vieram parar aqui?!
Se eu pudesse esquecer! Se conseguisse chegar a conclusão, como afirmam muitos, de que não tive culpa. Mas foi culpa minha, eu sei! Eu podia ter evitado o que aconteceu. Ele estaria vivo ainda! Vivo! E por que não estou morta também? Por que não me deixaram morrer? Por que insistem que eu viva quando quero esquecer, esquecer?!
Daqui do alto avisto a cidade ao longe. Ela não é muito importante nem tão pouco obscura. Niterói, lembro, sempre me agradou. Gostava de ver o movimento dos bancos da Amaral Peixoto, suas casas comerciais; tinha orgulho de saber que os colégios, recomendados pelo ensino severo, eram frequentados por alunos vindos de toda a parte. Amava o velho prédio onde funcionava a Biblioteca Pública; adorava caminhar pelos jardins arborizados; apreciava as residências bonitas e confortáveis do bairro chique, onde morava tio Gustavo. Amava, sobretudo, as paisagens tranquilas e belas que atraem visitantes de outras cidades. Tinha orgulho de ter nascido em Niterói. Agora, depois de tantos anos, tenho até saudade do bairro pobre, mas tão limpo de sossegado, onde, sem saber, fui feliz na meninice. Lembro-me da nossa casa, com o pequeno jardim florido. O portão ainda terá o mesmo ruído ao abrir e fechar, que papai sempre falava em tirar e, talvez, por preguiça, talvez até por achá-lo musical, deixou ficar. Ainda existirá o velho Quincas, quitandeiro, que sempre tinha pra mim uma fruta? E a Eufrásia, lavadeira, tão feia que me causava medo e que, no entanto, me queria tão bem? Por que relembro tudo agora e tenho os olhos cheios de lágrimas?!
Por que pensar na minha vida se não quero mais viver?!
Onde estão todos que amei, que desprezei e cheguei mesmo a odiar; aqueles que, de qualquer forma, fizeram parte da minha vida? Alguns ainda vivem, mas, (interessante!) parece que já estão todos mortos, que eu mesma já morri. Pelo menos a vida pra mim não tem mais sentido. Esta inquietação não me deixa um só momento. Não quero mais viver! Não quero!
No entanto, não sei porque, agora que desejo tanto que a morte me traga o esquecimento e a calma, começo a relembrar tudo que vivi. Talvez seja porque estou me despedindo da vida. Talvez...
Cerro os olhos e vejo tudo novamente como se recomeçasse a viver...

sábado, 21 de março de 2009

A IDÉIA

De onde ela vem?! De que matéria bruta
vem essa luz que sobre as nebulosas
cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
Augusto dos Anjos

domingo, 15 de março de 2009


...e em todas as cores do branco...
...eu vejo VOCÊ.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Elefante cor de rosa


Gestos...
Poéticos...dialéticos...

Mas tão importantes quanto as aulas sobre sintaxe.

Gestos que dizem tudo...

Um simples sorriso,
ou um vaporoso piscar de olhos.
Um aperto de mão...
ou um chocolate de castanhas...

Tão importante quanto ter gestos poéticos,
é adquirir a sensibilidade de
perceber os gestos dos
outros.


E eu percebo...

Por menor que seja o gesto.

Mesmo que faça Fernando Pessoa ficar engraçado...
Ou Dilthey parecer o ser humano mais chato do mundo...

Ninguém transforma em gestos,
as palavras que não vêm de dentro...

Eu sei bem!

É que eles (os gestos)...

atingem meu coração...